No título original o livro é Drive: The Surprising Truth that Motivates Us, de Daniel Pink. No Brasil, o livro ganhou o título de Motivação 3.0: Os Novos Fatores Motivacionais para a Realização (link afiliado) e é um dos livros mais gostosos de ler que eu peguei esse semestre.
Pra ter uma idéia de como o livro tem um apelo a qualquer tipo de profissional, ele foi inclusive desenhado em mindmap pelo time da RSA Animate:
Existem muitos estudos de que dizem que a idéia de que se punimos o comportamento que não queremos e premiamos o que desejamos… pode não funcionar.
Certas atividades foram apresentadas para um grupo de experimento dizendo que se eles realizassem razoavelmente, ganhariam um trocadinho, se fizessem bem ganhariam um pouco mais e se fossem excepcionais eles teriam um bom pagamento.
Como o nosso bom senso indica, quando a atividade em análise envolvia uma atividade mecânica, quanto maior o pagamento, melhor o desempenho. Nada novo aqui.
Mas a descoberta assustadora e inesperada foi que quando a atividade necessitava a mais rudimentar capacidade cognitiva, a performance caia – isso surpreendeu todos os economistas, que tiveram que admitir que o sistema de recompensas não funciona como a gente acredita.
Parecia uma conspiração desafiando as leis econômicas. Um lance meio comunista.
Alguns americanos acharam que o problema do experimento era que o dinheiro envolvido nas recompensas representava muito pouco para os voluntários. Fizeram portanto o experimento na Índia, oferecendo três níveis de pagamento: equivalente a 2 semanas de salário, 1 mês e 2 meses de salário respectivamente para três níveis de excelência.
E o resultado foi o mesmo.
Para atividades que precisam de talento e raciocínio, o dinheiro não serve e inclusive atrapalha como forma de compensação e motivação.
Okay, uma coisa a ser explicada é a necessidade de um pagamento mínimo para que a pessoa tenha uma vida decente.
O que Daniel Pink conta é que para termos um envolvimento, uma paixão pelo trabalho… para ver o funcionário vestindo a camisa da empresa ou do projeto, a solução não é o aumento de salário, mas sim em AUTONOMIA.
Em certas empresas, foi dado um único dia para que os funcionários pudessem fazer o que quisessem. Deixar que eles tivessem autonomia para fazer a coisa certa. E isso deixou coisas incríveis surgirem, que nunca aconteceriam em um dia normal de trabalho com um supervisor mandando fazer isso ou aquilo.
E isso se aplica a todas as áreas de nossa vida. Um cara começa a tocar violão pelo prazer de tocar, e não por causa de dinheiro. Existem muitos aspectos dos trabalhos e empreendedorismo que são semelhantes: ao deixar as pessoas se envolverem ao invés de querer comprar o seu corpo e alma, com um mestre com um chicote ameaçando demitir, é melhor criar um ambiente que dê incentivos a que eles trabalhem com interesse e tesão.
Esse é o caso por exemplo do sistema Linux, que é baseado puramente em contribuição de voluntários. O mesmo acontece no caso da Wikipedia, que também depende de trabalho voluntário simplesmente pelo fato de ser legal, e também estar conectado com a idéia de propósito (veja Viktor Frankl) ou a paixão ardente (vide Napoleon Hill).
Em curtas palavras, o que Daniel Pink conta em inúmeros detalhes e de forma super interessante no livro é que existem muitos aspectos de nossa motivação que as pessoas parecem ainda não terem sacado.
Super recomendado. Gostaria de ver o dia em que as empresas entenderem isso(não apenas a turma do RH, mas sim os chefes e diretores… que no final das contas são os que dão as diretrizes pro departamento de recursos humanos). A mudança já começou: Jack Welch, no livro Winning: Paixão por Vencer (link afiliado), costuma dizer que o RH deve ter a maior posição de influência dentro da corporação, mas esse é um papo para outro post.
Se achou bacana, o Submarino está vendendo o livro por R$59,90 – achei meio salgado, mas de tempos em tempos eles fazem uma promoção. Mas para quem pode comprar, o conhecimento sempre é bom e faz parte de aprender sempre.