Oi! Seiiti Arata. Hoje vamos trazer um pouco de neurociência de forma simples de entender e de aplicar na sua vida com resultado prático. E para isso começamos com uma pergunta: Você controla a sua mente… ou é a sua mente que controla você?
Se você respondeu que você consegue controlar a sua mente, vamos fazer um pequeno teste para ver se isso é verdade.
Tente não pensar em nada. Tente limpar a sua mente e deixar os seus pensamentos em silêncio…
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E aí, conseguiu? Não? Você provavelmente ficou pensando em alguma coisa… pensou em tentar mostrar que você está no comando, pensou em ordens para você mesmo como “limpe sua mente, limpe sua mente” ou mesmo viu surgirem pensamentos aleatórios na sua cabeça.
Isso é normal. Nosso cérebro evoluiu para funcionar desse jeito. Por causa de uma estrutura que os cientistas chamam de rede de modo padrão, nossa mente está sempre ativa, mesmo quando não queremos pensar em nada.
A boa notícia é que você pode treinar a sua mente para que a rede de modo padrão funcione de um jeito que vai favorecer os seus objetivos, em vez de ter uma mente que está sempre se auto sabotando.
Se o seu modo padrão de pensar está deixando você triste, ansioso ou improdutivo, vamos aprender agora como mudar isso para que o modo padrão do seu cérebro seja um modo que favoreça a concentração e a produtividade.
Para ter um modo padrão de pensar mais produtivo, você precisa primeiro entender como o seu cérebro funciona.
O cérebro é de longe o nosso órgão mais complexo. Até o comecinho do século vinte, quando o eletroencefalograma foi inventado, nós sabíamos muito pouco sobre o real funcionamento do cérebro. Foi nessa época que um estudo chegou (quase por acidente) a uma conclusão que vale a pena conhecer.
Nesse estudo, os cientistas pediam para que algumas pessoas executassem algumas tarefas mentais, enquanto eletrodos e máquinas monitoravam a atividade cerebral delas. E este monitoramento precisava também ser comparado com um nível base de atividade cerebral. Por isso, os cientistas também pediam para as pessoas descansarem entre uma tarefa e outra.
Aí é que apareceu algo estranho. Os cientistas esperavam que no momento de descanso a atividade cerebral diminuísse, mas isso não aconteceu. Na verdade, em algumas regiões do cérebro, a atividade cerebral até aumentou no período de descanso.
Inicialmente esse aumento de atividade cerebral durante o descanso foi tratado como uma simples curiosidade. E muitos anos depois um neurocientista chamado David Ingvar começou a comparar resultados de exames que mediam o fluxo de sangue no cérebro quando as pessoas estavam descansando.
Foi assim por acidente nós descobrimos que certas áreas do cérebro são ativadas em rede quando nós estamos supostamente descansando.
Ou seja, quando estamos ativamente usando o cérebro para fazer alguma atividade mental, algumas áreas são acionadas. Mas quando não estamos ativamente pensando, outras áreas do cérebro são acionadas. Nosso cérebro nunca para!
Esse pensamento que acontece quando nós não estamos ativamente engajados em realizar alguma atividade mental é a “rede de modo padrão”. É o nosso modo padrão de pensar.
Quando o seu cérebro está no modo padrão, sua mente se distrai e você não consegue focar nas tarefas que tem para fazer.
Quando você está descansando, sem estar ativamente engajado em alguma atividade mental, o seu cérebro continua ativo, porém no modo padrão. Nesse modo padrão, o seu cérebro cria imagens mentais, viaja para o passado e faz planos para o futuro.
Sabe quando você não está fazendo nada e de repente lembra de uma resposta que queria ter dado em uma discussão na semana passada? Ou quando começa a imaginar como vai ser o futuro quando aquela data especial chegar? Esse é o modo padrão de pensar.
Sempre que você não está ativamente usando o cérebro para resolver algum problema, sua mente começa a fazer divagações, a viajar nas ideias, a criar histórias. Muitas vezes é durante essas divagações que a sua mente encontra soluções criativas para alguns problemas. E isso é interessante e surpreende principalmente quando a solução aparece de repente sem você estar ativamente pensando no problema.
Esse é um ponto positivo. Mas as divagações da mente nem sempre são tão boas assim.
Pense por exemplo nas pessoas com depressão, transtorno obsessivo-compulsivo e outras desordens mentais. Elas geralmente têm conexões mais fortes entre as regiões do cérebro ativadas pela rede de modo padrão.
Pessoas com Alzheimer e transtorno do espectro do autismo também têm disfunções na rede de modo padrão.
Até mesmo em pessoas saudáveis, as divagações mentais excessivas podem trazer problemas. Basta lembrar de quando você tem que se concentrar em uma tarefa e a sua mente fica distraída, seguindo pensamentos, ruminando o passado ou fazendo planos para o futuro.
Existem algumas atitudes que aumentam a atividade da rede de modo padrão, deixando a nossa mente ainda mais distraída.
Vou agora te passar as duas dicas práticas. Uma é sobre o que NÃO FAZER e outra é sobre O QUE FAZER.
O que você não deve fazer é dormir pouco ou dormir mal.
E o que é que você deve fazer? Meditar.
A meditação é o meio mais eficaz para controlar a rede de modo padrão.
Controlar os nossos pensamentos não é tarefa fácil. Nós somos seres muito mais emocionais do que racionais. Ainda assim, existe uma técnica que ajuda bastante a dominar a rede de modo padrão: a meditação de atenção focada.
Nós já falamos sobre esse tipo de meditação no episódio 192 da série Oi! Seiiti Arata. Na meditação de atenção focada, você deve escolher alguma coisa para focar. Alguma coisa como a sua respiração, um objeto no seu quarto ou uma imagem qualquer. Seu objetivo ao meditar assim é manter sua atenção focada apenas nisso que você escolheu o maior tempo possível.
Quando você perceber que perdeu o foco, deve simplesmente voltar a focar no objeto. É simples na teoria, mas bem difícil na prática.
Geralmente, os pensamentos que tiram você do foco envolvem o passado ou o futuro, quase nunca o momento presente.
A correlação entre falta de foco e rede de modo padrão foi comprovada em uma pesquisa de 2012. Nesse estudo, os cientistas pediam que pessoas com grande experiência em meditação praticassem a atenção focada. Tudo foi detalhadamente monitorado com imagens de atividade cerebral. Sempre que os voluntários ficavam com a mente distraída, eles tinham que apertar um botão vermelho. Assim os cientistas podiam comparar o momento da distração com a imagem que mostrava quais regiões do cérebro estavam ativas. E eram sempre as regiões da rede de modo padrão.
Então quanto mais você treinar a sua atenção focada, menos dominante será a sua rede de modo padrão. Mesmo com a prática constante desse tipo de meditação, os pensamentos vão continuar surgindo na sua mente. Porém, esses pensamentos não vão mais prender sua atenção por tanto tempo antes de você voltar a se concentrar.
Isso mostra que você está treinando e fortalecendo as regiões do cérebro responsáveis pela concentração. Essas regiões formam a chamada rede executiva, já que elas cuidam de executar o nosso controle cognitivo.
É como se a rede executiva fosse uma atividade cerebral positiva para a execução de tarefas e a rede de modo padrão fosse uma atividade cerebral negativa à execução de tarefas. Quanto mais você pratica a meditação de atenção focada, mais forte fica a rede executiva e relativamente mais fraca fica a rede de modo padrão.
Com isso, sua mente vai divagar menos, vai se distrair menos. O modo padrão de pensar não estará mais no comando. Em vez disso, o seu cérebro vai estar fortalecido para se concentrar sempre que necessário, aumentando sua produtividade e melhorando a sua tomada de decisões.
O cérebro é o órgão mais complexo dos seres humanos, mas os estudos científicos cada vez mais revelam como a nossa mente funciona.
A rede de modo padrão faz a sua mente se distrair quando você não está ativamente engajado em uma atividade mental, mas é cientificamente comprovado que você pode reduzir essas distrações com a prática da meditação de atenção focada.
Existem várias outras técnicas comprovadas pela neurociência para você ter um maior domínio sobre o seu cérebro e assim se tornar uma pessoa mais inteligente. Eu ensino várias dessas técnicas no curso Inteligência Arata Academy, que você pode conhecer agora mesmo acessando o endereço https://arata.se/inteligencia